quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Deus e o Diabo



O que me importa afinal? Qual a minha vontade íntima, às vezes desconhecida até de mim próprio?

O que procuro no exterior: dança, alegria, compreensão, penetração, interlúdios com mistérios íntimos de cada parte da existência que abre as portas para o gozo do êxtase de quem vê beleza em todo o lado.

Encontro afinal no íntimo de mim: uma luz que revela a beleza de todas as coisas íntegras e em relação com o todo. No fundo de mim, no íntimo dos íntimos, esconde-se a chave para ver os mistérios do cosmos em toda a sua inegável imensidão.

Então subo e desço, entre os céus e o inferno. Quando, centrado nessa luz interior, sinto o todo, estou no céu, onde quer que esteja, pois todo o lugar, visto desta maneira, é o céu.

Quando, procuro, fora dessa luz, qualquer outra coisa, quando lanço os braços e as pernas para procurar algo fora desse todo que é tudo, iludido talvez por um lampejo de algo que parecia real mas não era... quando saio de mim, quando saio de mim... quando me perco por essas ruas tecidas das minhas vitórias e derrotas, das coisas que tive ou não tive, das coisas que consegui e das que desisti... quando me perco em conquistas e vontades espúrias...

Então... eu não sou eu... eu torno-me apenas a sombra de mim, uma máscara correndo num Carnaval de máscaras, não sabendo nem para onde nem porque é que corre... à procura de um não sei quê, lutando contra um não sei quê, fugindo de um não sei quê... e aí a vida corre, sem porquê, sem sentido, inundada de mil sentidos e mil porquês fantasiosos...

porque, na realidade,

Sei bem o que quero,

só Uma coisa quero,

Chegar ao Âmago

da Existência...

e lá ficar para a Eternidade.

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