quinta-feira, 10 de março de 2011
O macaco que aprendeu a gostar de tudo
Aquilo porque nos sentimos atraídos no momento é uma ínfima parte do que gostamos. Eu posso gostar das altas montanhas dos Himalaias mas não gostava de lá ir agora. Na verdade a esmagadora maioria das coisas de que gosto raramente me atraem. Por exemplo, gosto de imensos sítios mas só uma ínfima quantidade me atrai neste momento, gosto de imensa música mas apenas uma pequena quantidade me apetece ouvir agora, gosto de imensa comida, etc, etc.
Podemos pensar que gostamos de tudo o que alguma vez desejámos ou conseguimos imaginar-nos a desejar. Mas na verdade há imensos sítios que acho imensamente belos, como por exemplo o interior do sol, a perna de um besouro, a espuma de uma onda do mar, a linha de uma folha de árvore, que não me são úteis, que não consigo alcançar ou agarrar. Como poderia um ser humano sentir-se atraído pelo centro do sol? Talvez se possa dizer que aquilo que me atrai nas fissões nucleares dentro do sol é o que provocam: a vida na terra, a minha própria vida. Mas há muitas outras coisas, como as tempestades de Jupiter, ou os anéis de Saturno, que costumo imaginar e que acho de uma beleza estonteante mas que não parecem contribuir nada para a minha sobrevivência como animal. Talvez se possa dizer que ver beleza nesses objectos contribui para a sobrevivência do homo sapiens, pois desenvolve uma curiosidade, uma atracção, que nos leva a aumentar a nossa adaptabilidade ao meio. E talvez seja por isso, afinal, que acho tantas coisas belas, muito para além dos desejos ligados aos sentidos. O homo sapiens, esse macaco curioso suportado pela linguagem, é capaz de desejar a compreensão, de achar bela a compreensão de algo: uma pessoa, uma sociedade, um formigueiro, a pata da formiga, uma célula e a sua aparentemente infinita complexidade, um buraco negro, a visão, a matemática.
Essa amplitude do gosto levou-nos a abrir os braços, os ouvidos, os olhos, para uma realidade muito mais vasta. Não é que queiramos tocar o sol com a pele, queremos estar lá na imaginação, uma imaginação tão precisa que inclua os mais breves momentos, as mais pequenas quantidades de matéria, tão abrangente que inclua biliões de anos e todo o universo visível.
Achamos belo, maravilhoso, todo o universo, e tornamos a nossa colmeia um pouco melhor, assim que os engenheiros convertem essas visões em computadores, iluminação, armas, estradas, membros artificiais e outros que tais. E a evolução tecnológica permite uma maior compreensão em passos sucessivos onde o homem se transforma no Deus que imaginou e que o guia através dos milénios que atravessa em direcção à imortalidade e a uma outra forma de viver onde as experiências isoladas dos seres que viveram antes dele confluam numa mente una e tão vasta que qualquer das nossas mentes, mesmo as mais inteligentes, não pareceriam mais do que uma gota num oceano.
Um macaco que gosta de viver em união com tudo.
Podemos pensar que gostamos de tudo o que alguma vez desejámos ou conseguimos imaginar-nos a desejar. Mas na verdade há imensos sítios que acho imensamente belos, como por exemplo o interior do sol, a perna de um besouro, a espuma de uma onda do mar, a linha de uma folha de árvore, que não me são úteis, que não consigo alcançar ou agarrar. Como poderia um ser humano sentir-se atraído pelo centro do sol? Talvez se possa dizer que aquilo que me atrai nas fissões nucleares dentro do sol é o que provocam: a vida na terra, a minha própria vida. Mas há muitas outras coisas, como as tempestades de Jupiter, ou os anéis de Saturno, que costumo imaginar e que acho de uma beleza estonteante mas que não parecem contribuir nada para a minha sobrevivência como animal. Talvez se possa dizer que ver beleza nesses objectos contribui para a sobrevivência do homo sapiens, pois desenvolve uma curiosidade, uma atracção, que nos leva a aumentar a nossa adaptabilidade ao meio. E talvez seja por isso, afinal, que acho tantas coisas belas, muito para além dos desejos ligados aos sentidos. O homo sapiens, esse macaco curioso suportado pela linguagem, é capaz de desejar a compreensão, de achar bela a compreensão de algo: uma pessoa, uma sociedade, um formigueiro, a pata da formiga, uma célula e a sua aparentemente infinita complexidade, um buraco negro, a visão, a matemática.
Essa amplitude do gosto levou-nos a abrir os braços, os ouvidos, os olhos, para uma realidade muito mais vasta. Não é que queiramos tocar o sol com a pele, queremos estar lá na imaginação, uma imaginação tão precisa que inclua os mais breves momentos, as mais pequenas quantidades de matéria, tão abrangente que inclua biliões de anos e todo o universo visível.
Achamos belo, maravilhoso, todo o universo, e tornamos a nossa colmeia um pouco melhor, assim que os engenheiros convertem essas visões em computadores, iluminação, armas, estradas, membros artificiais e outros que tais. E a evolução tecnológica permite uma maior compreensão em passos sucessivos onde o homem se transforma no Deus que imaginou e que o guia através dos milénios que atravessa em direcção à imortalidade e a uma outra forma de viver onde as experiências isoladas dos seres que viveram antes dele confluam numa mente una e tão vasta que qualquer das nossas mentes, mesmo as mais inteligentes, não pareceriam mais do que uma gota num oceano.
Um macaco que gosta de viver em união com tudo.
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