domingo, 4 de setembro de 2011

O melhor da vida é gratuíto: viver apaixonado por tudo

Há quem diga que o melhor da vida é gratuito. Parece-me que o amor, a liberdade, a honestidade, são realmente coisas desligadas da vida social e, portanto, do dinheiro (que só existe como instrumento de ação social). Por outro lado, para estarmos livres para pensar nessas coisas precisamos do básico assegurado, precisamos de saúde, de não ter dores, ou prisões (subserviência em relação a medos, desejos ou pensamentos). Em suma, precisamos de ter liberdade mental, física e emocional suficiente para escolher e desenvolver esses tais bens gratuitos.

Ora essas coisas básicas por vezes são impossíveis de obter. Por exemplo, muitas criança nascidas em famílias fanáticas que lhes impedem o acesso normal à informação e aos outros, e as inculcam, desde a nascença, com medos, preconceitos e falsos ódios e ideais, dificilmente sairá desse ciclo de violência. Do mesmo modo, quem nasce e vive com fome dificilmente terá oportunidade para pensar em mais do que em comida. É preciso uma base, um conjunto bastante grande de coisas que fazem "a casa estar arrumada", para depois ser livre e ser feliz com as tais coisas gratuitas.

Mas há ainda um outro aspeto: mesmo quando já se tem a casa arrumada, há um preço enormíssimo a pagar para ter as coisas gratuitas que é: pô-las no topo da hierarquia.

Parece fácil, mas não é. Sobretudo com tantas "tentações" ou armadilhas. Isto é sabores deliciosos que nos conduzem de volta a prisão, de volta a ter dono e medos e mentiras. Afinal é disso que se alimenta a sociedade, redes de dependência.

http://letras.terra.com.br/adriana-calcanhotto/66697/


Sem comentários: