segunda-feira, 18 de junho de 2007
O Homem Pássaro
(Este texto foi inspirado por um dos símbolos do Kung Fu To'a, o símbolo do Homem Pássaro. A explicação que aqui dou teve um grande efeito sobre mim e foi a resposta sintética a muitas inquietudes referentes ao significado dos termos "espiritualidade", "iluminado", ao papel que os mestres podem e não podem ter, e sobretudo aos conteúdos das mensagens espirituais veiculadas nos quatro cantos do mundo, desde o Osho, Cristo, Buda, Stanley Kubrick, Elis Regina ou Michael Ende, entre incontáveis outros. É um texto síntese de grande importância para mim e foi, ao longo da minha vida, um dos que teve parto mais doloroso, complexo e demorado. Uma cópia deste texto encontra-se no site do Kung Fu To'a, aqui.)
Liberdade, eis, numa palavra, tudo o que este símbolo quer dizer. Mas é uma palavra enorme, Gigantesca, que abarca consigo todos os sonhos e desejos já sonhados. Pois para que serviria a Vida senão para provar essa Maravilhosa essência, Misteriosa, ao ponto de ser negada a sua Realidade, inconcebível por definição pela razão (pois não tem outra causa senão ela própria, nem tão pouco é casual), presente na Vida, na Consciência, como o metal na espada, a Liberdade está presente em todos nós, apesar de que, quase nunca, totalmente realizada em todas as suas potencialidades. De facto, quando falamos em Liberdade, queremos normalmente dizer ausência de obstáculos, tanto a nível material como espiritual. Mas a Liberdade exige ainda uma vontade, algo que se queira manifestar e sem o qual os obstáculos deixariam de ser obstáculos. Ora, na esmagadora maioria dos seres vivos, conscientes, esta vontade ela própria é bastante condicionada, mais precisamente, ela não é apenas contextualizada, relativa a um contexto, interpretável numa linguagem dada pelo momento: a própria vontade é o resultado inconsciente de um percurso, de medos, fantasias, ilusões, projecções, que nos remetem, empurram, para um percurso, que nos dão um ideal, tal como raquetes empurrando uma bola de ténis num jogo. A bola vai, deslumbrada, em direcção ao que pensa ser o Paraíso (carros, pessoas, dinheiro, poder, fama, conhecimentos, "espiritualidade", contactos, etc), e, quando lá chega, a superficialidade do que encontra, rebate-a contra o adversário, mostra-lhe que encontrou, de facto, o reverso de si, a ausência. Pois tudo o que desejamos de forma inconsciente é, no fundo, apenas o desejo ignoto e mais profundo do quebrar dessa ilusão. De ilusão (voo) em ilusão, de desilusão (embate) em desilusão, vamos caminhando, como numa espiral, em direcção a algo, que em parte somos nós próprios, e sempre fomos, e em parte é a aniquilação do eu, aniquilação em sentido bastante impróprio, já que esse "eu" nunca existiu, e não se pode destruir verdadeiramente uma ilusão, apenas esclarecê-la. A Liberdade interior, profunda, verdadeira, pressupõe portanto o fim do jugo de uma vontade inconsciente. Ou seja, não pode ser o medo nem a ilusão a canalizarem, a conduzirem, as múltiplas energias e intuições que guiam o nosso corpo, em direcção a um destino que é apenas o da destruição das máscaras. O Homem Pássaro pressupõe a destruição das máscaras, para que a vontade vogue e vibre livremente, para que não haja, em sentido impróprio, vontade, e haja apenas a Vontade, que, como no acto do Artista que cria a sua Obra-Prima, não é de facto a Vontade daquele Corpo, mas a Vontade de todo o Cosmos adequada àquele momento. O Homem Pássaro, num certo sentido, é o homem que deixou de existir, só nEle existe o Voo, o Viajar, a plena acção, o pleno acto. A vibração da sua Liberdade não é condicionada pelos seus medos, não é puxada pelos seus anseios, não é deformada pelas suas expectativas. Desiludido com tudo, o Homem Pássaro não tem já o que quer que seja a perder. Perdeu tudo, ou melhor, percebeu que tinha perdido tudo desde o início, melhor ainda, que nada tinha perdido, pois nada na verdade tinha possuído. O Homem Pássaro não tem posses, e por isso nada o possui. Está no mundo mas não pertence ao Mundo, viaja nele como nada que pertença ao Cosmos, como nada que o toque... O Homem Pássaro não precisa de ter liberdade exterior, ou qualquer manifestação de riqueza, todo o seu Esplendor está naquilo que o rodeia, e é ainda mais, muito mais, pois é aquele ou aquilo que é o sustento do Existir. O que vejo no símbolo pictórico: há uma cabeça, de onde nasce como de uma fonte de início misterioso, a vibração da vontade livre, essa cabeça é simbolizada pelo sol, onde, pela fissão nuclear, a matéria é destruída para dar lugar à Energia pura (aquela que voga sempre sem se agarrar à gravidade das coisas pesadas, à velocidade da luz, para lá do tempo). O corpo do homem pássaro é da cor do sangue e da paixão, articula diversos aspectos, mas sempre numa perspectiva de evolução, com sabor e consciência. Um dos pés do homem pássaro é da cor da luz, do sol. Pois a realidade, sendo também o corpo de Deus, é um manto e o corpo do divino, pleno de sagrado em todos os seus recantos, é a consciência do Homem Pássaro do Sagrado que há no mundo. Por outro lado, há também uma bola branca, que sustenta o homem pássaro, pois na luz do mundo, existe também o crescimento, e para quem cresce, existe o bem e o mal, o sagrado e o profano, o caminho que por todo o lado divide a realidade em múltiplas partes e diversas significações, do monstruoso ao divino. O branco significa assim o lidar com essa realidade tendo em vista a evolução. Mas a essência do homem pássaro não pode ser posta em nenhum símbolo, em nenhuma palavra, pode apenas ser vivida e demonstrada, o melhor que for possível, na pele, na autenticidade, na vivência / convívio, com outras almas. O Homem Pássaro é, é aquele que vê e reconhece Aquilo que não precisa de mais nada para além de si próprio para Existir; e sabe-se parte disso.
Liberdade, eis, numa palavra, tudo o que este símbolo quer dizer. Mas é uma palavra enorme, Gigantesca, que abarca consigo todos os sonhos e desejos já sonhados. Pois para que serviria a Vida senão para provar essa Maravilhosa essência, Misteriosa, ao ponto de ser negada a sua Realidade, inconcebível por definição pela razão (pois não tem outra causa senão ela própria, nem tão pouco é casual), presente na Vida, na Consciência, como o metal na espada, a Liberdade está presente em todos nós, apesar de que, quase nunca, totalmente realizada em todas as suas potencialidades. De facto, quando falamos em Liberdade, queremos normalmente dizer ausência de obstáculos, tanto a nível material como espiritual. Mas a Liberdade exige ainda uma vontade, algo que se queira manifestar e sem o qual os obstáculos deixariam de ser obstáculos. Ora, na esmagadora maioria dos seres vivos, conscientes, esta vontade ela própria é bastante condicionada, mais precisamente, ela não é apenas contextualizada, relativa a um contexto, interpretável numa linguagem dada pelo momento: a própria vontade é o resultado inconsciente de um percurso, de medos, fantasias, ilusões, projecções, que nos remetem, empurram, para um percurso, que nos dão um ideal, tal como raquetes empurrando uma bola de ténis num jogo. A bola vai, deslumbrada, em direcção ao que pensa ser o Paraíso (carros, pessoas, dinheiro, poder, fama, conhecimentos, "espiritualidade", contactos, etc), e, quando lá chega, a superficialidade do que encontra, rebate-a contra o adversário, mostra-lhe que encontrou, de facto, o reverso de si, a ausência. Pois tudo o que desejamos de forma inconsciente é, no fundo, apenas o desejo ignoto e mais profundo do quebrar dessa ilusão. De ilusão (voo) em ilusão, de desilusão (embate) em desilusão, vamos caminhando, como numa espiral, em direcção a algo, que em parte somos nós próprios, e sempre fomos, e em parte é a aniquilação do eu, aniquilação em sentido bastante impróprio, já que esse "eu" nunca existiu, e não se pode destruir verdadeiramente uma ilusão, apenas esclarecê-la. A Liberdade interior, profunda, verdadeira, pressupõe portanto o fim do jugo de uma vontade inconsciente. Ou seja, não pode ser o medo nem a ilusão a canalizarem, a conduzirem, as múltiplas energias e intuições que guiam o nosso corpo, em direcção a um destino que é apenas o da destruição das máscaras. O Homem Pássaro pressupõe a destruição das máscaras, para que a vontade vogue e vibre livremente, para que não haja, em sentido impróprio, vontade, e haja apenas a Vontade, que, como no acto do Artista que cria a sua Obra-Prima, não é de facto a Vontade daquele Corpo, mas a Vontade de todo o Cosmos adequada àquele momento. O Homem Pássaro, num certo sentido, é o homem que deixou de existir, só nEle existe o Voo, o Viajar, a plena acção, o pleno acto. A vibração da sua Liberdade não é condicionada pelos seus medos, não é puxada pelos seus anseios, não é deformada pelas suas expectativas. Desiludido com tudo, o Homem Pássaro não tem já o que quer que seja a perder. Perdeu tudo, ou melhor, percebeu que tinha perdido tudo desde o início, melhor ainda, que nada tinha perdido, pois nada na verdade tinha possuído. O Homem Pássaro não tem posses, e por isso nada o possui. Está no mundo mas não pertence ao Mundo, viaja nele como nada que pertença ao Cosmos, como nada que o toque... O Homem Pássaro não precisa de ter liberdade exterior, ou qualquer manifestação de riqueza, todo o seu Esplendor está naquilo que o rodeia, e é ainda mais, muito mais, pois é aquele ou aquilo que é o sustento do Existir. O que vejo no símbolo pictórico: há uma cabeça, de onde nasce como de uma fonte de início misterioso, a vibração da vontade livre, essa cabeça é simbolizada pelo sol, onde, pela fissão nuclear, a matéria é destruída para dar lugar à Energia pura (aquela que voga sempre sem se agarrar à gravidade das coisas pesadas, à velocidade da luz, para lá do tempo). O corpo do homem pássaro é da cor do sangue e da paixão, articula diversos aspectos, mas sempre numa perspectiva de evolução, com sabor e consciência. Um dos pés do homem pássaro é da cor da luz, do sol. Pois a realidade, sendo também o corpo de Deus, é um manto e o corpo do divino, pleno de sagrado em todos os seus recantos, é a consciência do Homem Pássaro do Sagrado que há no mundo. Por outro lado, há também uma bola branca, que sustenta o homem pássaro, pois na luz do mundo, existe também o crescimento, e para quem cresce, existe o bem e o mal, o sagrado e o profano, o caminho que por todo o lado divide a realidade em múltiplas partes e diversas significações, do monstruoso ao divino. O branco significa assim o lidar com essa realidade tendo em vista a evolução. Mas a essência do homem pássaro não pode ser posta em nenhum símbolo, em nenhuma palavra, pode apenas ser vivida e demonstrada, o melhor que for possível, na pele, na autenticidade, na vivência / convívio, com outras almas. O Homem Pássaro é, é aquele que vê e reconhece Aquilo que não precisa de mais nada para além de si próprio para Existir; e sabe-se parte disso.
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