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sábado, 7 de maio de 2011

Vício e liberdade


Vício é tudo o que se faz por ausência de liberdade.

Por vezes define-se um vício pelas consequências que traz. O desporto, trazendo saúde, não será um vício, já os jogos de computador em demasia, serão um vício porque trazem consequências más.

É uma perspetiva válida e interessante, mas eu, que não quero separar-me do fogo interior da minha liberdade, procuro outro tipo de visão.

Para mim "vício" é aquilo que me rouba a liberdade, é o que faço pensando, ao mesmo tempo "podia estar a fazer algo melhor". E não mudo. Mantenho-me na rotina, prisioneiro de pequenos prazeres e ânsias que se repetem ad infinitum... E quanto mais ando à roda à procura desses pequenos prazeres, mais me perco de mim, até que, às tantas, já nem sei que há um eu, lá dentro, a tentar ser livre, voar no fogo efémero da vida e explorar todas as suas possibilidades, tanto quanto consiga.

Mas lidar com um vício é difícil. Não se pode proibi-lo simplesmente, porque senão ele fica lá, a arder, ou é simplesmente substituído por outro, como o vício da ordem e do poder sobre si próprio. Que pode dar melhores resultados, mas que quero eu saber de resultados, se só me importa a chama da liberdade?

Por isso, para lidar bem com um vício, não é bom prendê-lo, proibi-lo, torná-lo ainda mais apetecível ao prisioneiro que somos nós, privados dele.

Em vez disso, não fiquemos aquém dele! Superemo-lo! Deleitemo-nos nele! Abracemo-lo inteiros. Com um gozo nos olhos, um sorriso nos lábios e o coração cheio de esperança. Abracemo-lo sem nos esquecer do sol, que há um mar e uma terra, e estrelas por toda a parte. E que aquele vício, tão apetecível, é mais um diamante numa terra de diamantes. Aproveitemo-lo bem, até ao tutano, até ficarmos cheios. E depois procuremos outras paisagens, deixemo-nos conduzir sempre pelo nosso interior. Que não está em luta com nada, que não recusa nada, apenas não quer ser amarrado. Apenas não quer ficar limitado. Apenas quer voar até ter vontade de ficar parado.

Livre, livre para viver os vícios, livre para se livrar dos vícios, já não há vícios... pois não há nada melhor, mais apaixonante, que viver o fogo da própria liberdade...

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Jardim Interior

A nossa vida é uma constante comunicação, estamos sempre a receber coisas, muitas vêm do "interior" (pensamentos, emoções, dores físicas, etc), outras vêm do exterior (conversas, acontecimentos físicos e sociais, etc). Enquanto há vida há algo que se recebe, nem que seja a sensação subtil da passagem do tempo.

Cada uma destas coisas é como uma semente que embate em nós como num solo. Há sementes difíceis de brotar, que exigem um solo cuidadosamente preparado, como a imagem de uma equação complexa, uma passagem de Dostoievski, ou uma música de Hindemith. Há outras que se espalham como ervas daninhas, como uma discussão acesa, um insulto, ou até um elogio bem dado que nos faz corar.

Em qualquer dos casos nós temos um duplo papel: somos simultaneamente o solo e o jardineiro. O solo é o resultado do nosso passado, é a constituição que dele herdámos. A nossa psicologia, personalidade, atributos físicos e intelectuais, tudo isso é uma construção lenta de um número praticamente infinito de actos, dos quais só uma ínfima parte é da nossa responsabilidade (por exemplo, não escolhemos nascer homens ou mulheres ou nesta época - e isto condiciona imenso o nosso "solo", a nossa receptividade). Por outro lado, temos uma responsabilidade total enquanto "jardineiros", enquanto agentes que lidam com o que recebem desta ou daquela maneira. O jardineiro existe apenas no presente, o agente livre existe apenas no presente.

Por exemplo, suponhamos que sou insultado. O meu terreno, o meu solo, pode ser mais ou menos atreito a que essa "erva daninha" se espalhe incontrolavelmente. Em alguns casos o insulto pode estar tão em sintonia com a personalidade que lhe provoca convulsões incontornáveis, e só mais tarde e a muito custo pode o jardineiro intervir. Este tipo de reacções intempestivas são do tipo que não se consegue evitar, há até na linguagem jurídica uma providência para estas situações: «loucura temporária» ou algo equivalente. Estamos no mundo da desresponsabilização, em que o sujeito não está lá ou não se conseguiu exprimir ou fazer sentir naquela situação.

Um caso inverso é o do jardineiro que procura aquelas flores raras que dificilmente crescem à primeira tentativa, mas que são para ele tão valiosas que despende grande tempo e energia a preparar o solo (a preparar-se, a sua constituição) para as receber e fazer florescer. Isto aplica-se aos músicos, aos cientistas, aos amantes, e a todos aqueles que estão dispostos a metamorfosear-se interiormente na busca do que amam.

Este é o oposto do louco, porque está ciente do mistério, mas também do que quer e do que faz para o alcançar. O jardineiro conquistou neste caso o terreno, conhece-lhe as forças e as fraquezas, prepara-se longamente contra as ervas daninhas e prepara-o continuamente para a chegada das flores que tanto ama. Isto, em grande parte, é a consciência. Um movimento em direcção a um mistério (porque a Beleza é sempre um Mistério, tal como a razão de ser de um grande Amor), mas onde tudo o resto faz sentido tendo em vista esse Mistério.

Para cultivar o seu terreno o Jardineiro tem alguns instrumentos à sua disposição: o mais fundamental é a atenção. Na nossa analogia a "atenção" é a ligação da semente à terra. A atenção é absolutamente essencial em relação a coisas que o corpo não recebe de forma automática, neste caso, se não houver atenção simplesmente passa despercebido, não afecta, como se não existisse (ao contrário do que acontece com um medicamento ou algo habitual ou que possa ser recebido por estruturas já existentes, há muitas "plantas" que actuam mesmo sem a intervenção do "jardineiro"). Por exemplo uma música pode "entrar" bem intuitivamente, sobretudo se já estamos habituados àquele tipo de música, mas se for algo com o que não estejamos familiarizados, algo "novo", então exigirá atenção para se tornar significativa. A atenção é o esforço de relacionar muito do que já sabemos, as nossas estruturas cognitivas, os nossos conhecimentos, o nosso passado, sonhos, desejos, ao novo, ao desconhecido. Nesse esforço de integração o novo/desconhecido, passa a ganhar um papel, passa a estar integrado, ou seja, relacionado com tudo o resto que sabemos. Só assim saberemos se nos convém ou não, se é importante ou irrelevante e como havemos de lidar com ele. Muitas vezes as estruturas existentes não nos permitem lidar com algo novo. Há por vezes uma enorme distância entre o que sabemos e o que esse novo nos propõe e então surgem muitas tentativas de criar pontes entre aquilo que já conhecemos e o que tentamos conhecer. Pode ser uma pessoa muito diferente do que estamos habituados, pode ser uma teoria científica, pode ser uma técnica de Kung fu ou de btt, uma emoção transmitida pela música, etc.

O Jardineiro pode ainda desprezar, procurar / amar, ou estar grato. A atenção e o desprezo não são incompatíveis pois para desprezar algo temos de lhe dar atenção. O desprezo, neste contexto, é o acto de tentar negar o acesso de uma planta ao nosso solo. Pode ser tentar negar uma ideia, uma pessoa, um sentimento, etc. O desprezo, a repressão, etc, não são neste caso simplesmente a falta de atenção, ou o desinteresse, são uma forma de o jardineiro tentar controlar o seu jardim. São uma forma activa de construir o Jardim Interior à nossa maneira.

A procura / amor é o acto inverso do desprezo, mas há que salientar que quem procura é porque ainda não encontrou, e quem ama, ama algo muito para lá da sua compreensão. Ou seja, quem procura algo - o amado, uma ideia, uma forma de vida, etc -, procura algo que ainda não encontrou ou percebeu, e isto é ainda mais evidente nos casos em que há obsessão. A obsessão é um caso extremo de uma procura mal encaminhada. Na obsessão o jardineiro procura ardentemente que uma planta se dê bem no seu solo sem procurar conhecer as condições para o seu crescimento; vai tentando plantar as plantas à bruta mas não há meio de elas crescerem o que leva ainda a mais frustração e, por vezes, a mais obsessão. Na maior parte dos casos não adianta muito estar sempre a insistir no erro. A obsessão é em geral um sinal de que o jardineiro tenta a todo o custo que uma planta cresça sem se preocupar em analisar ou contemplar as causas do seu insucesso. A obsessão pode crescer continuamente sem nunca dar lugar ao seu objectivo que é a gratidão.

A gratidão é o movimento pelo qual o jardineiro permite que mais plantas de um certo tipo invadam o seu quintal. Por exemplo, alguém sugeriu uma ideia ao nosso jardineiro, que teve atenção a ela, integrou-a no seu jardim, ela cresceu, tornou-se apelativa, ele deu-lhe ainda mais atenção, desejou-a, etc. Se a planta dá bons frutos, ele pode ficar Grato, essa gratidão é como que o abrir as portas do Jardim a outras plantas do mesmo tipo. É uma espécie de sintonia com todas as plantas parecidas e um chamamento: venham...

A gratidão permite um crescimento enorme do jardim, embora, por vezes, deixe entrar plantas que se podem revelar muito imprevisíveis ou até, em certos casos, indesejáveis.


O "Amor", ou seja, "ver ou pressentir o Divino em...", é o que faz mover o Jardineiro nos momentos em que está livre do medo. Mas são estas quatro ferramentas (atenção, desprezo, procura e gratidão) que utiliza para ir moldando, em pequenos passos, o seu Jardim - a sua persona, o seu coração e mente - como se fosse um barco à vela que lhe permitisse ir de encontro ao seu grande Amor desconhecido.

domingo, 2 de dezembro de 2007

O que tem piada



Que dias tão secantes para se achar piada a isso! É que tem que ser mesmo secante. Estes tipos nem televisão devem ter, nem sexo à borla e de qualidade, nem boas praias, nem carros potentes, nem sequer centros comerciais. Deve ser estilo isto:

De manhã a olhar para o teto, rezar, depois a seca do almoço. Não se pode dizer o que se pensa, não se pode sentir o que vem do peito, não se pode dar largas à imaginação. O movimento do corpo tem de estar cortado: alinhadinho com os demais. Seca, seca, seca. Lá fora o tempo tá seco, não chove, não acontece nada. Só afazeres.

Mas eis que!!! Ah!!! Atenção, uma cobra sem dentes vai estar junto de um bebé indefeso!! Ah!! A alegria, a excitação!!! Ah!!!

Fala-se disso, os mais novos com os mais velhos, já podem sorrir, já podem trocar olhares. A vida por um instante faz sentido, a seca dissolve-se um pouco no múrmurio da água a bater: são sorrisos meus amigos, há corações nessas caras fechadas, até se pode abraçar se for só um bokadinho!!

Mas, depois do espectáculo, volta a ser a seca de antes:

Não há praias, nem espectáculos do futebol, nem garinas lindas pra curtir, nem sequer a tv com o João Baião ou similar... Cada um ensimesmado, com o dia como uma cruz...

Que seca!! Venham as cobras desdentaditas, que a gente aqui não tem nada pra fazer!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Inodor ... (inspirado por Regina Spektor)


- Sinto-me só, toca-me!

- O que queres tocar?

- Deixa-me tocar o teu vestido...

- Podes tocar o meu vestido! :)

- Ahhh! Sinto-me tão bem, tão acompanhado... Mas... é pouco... Deixa-me também tocar a tua face.

- Sim, toca a minha face!

- Ahhhh! Que Beleza, que Suavidade, os teus pais souberam-te fazer, que delícia, que perfume. Deixa-me tocar também o teu pescoço...

- Podes...

- Ahhh!! Que formas, que delícia, deixa-me, o ombro...

- O ombro agora...

- Ahhh!

- ...

- O seio...

- O seio... :)

- Ahhh!!!!

- (sorriso...)

- Posso? (tudo)

- Sim (sorriso)

- Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ...

- Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... AAAAAHHHH!!! ...

(ambos) ... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! ......

- Foi bom tocar-te, gostei tanto!

- Achas que me tocaste?

- Claro! Não sentiste? Até te "vieste" como se costuma dizer! Perto mais perto não há!! ^_^

- Ah! Sim! Claro! Eu vim-me. Mas será que vim até ti? Ou será que apenas me vim?

- (espantado, passado um bocado responde...) Eu toquei-te, disso não tenho dúvida, e senti-te, até ao fundo, senti-me a mim também (nunca ouviste o "espalhem a notícia"??), não me sentiste?

- Senti a tua energia, senti o teu desejo, senti o teu desespero, senti a tua ângustia, senti o teu prazer, senti a tua felicidade, senti a tua pujança, senti a tua força, vibrante... Senti muitas coisas, mas todas essas coisas eram coisas que sentias, capas que vestias, toquei todas essas coisas, não te toquei a ti, que tens ou podes ter muitas mais máscaras, sentimentos e vontades...

- Não digas isso, fazes-me sentir...

- Sim...?

- Fazes-me sentir... Só...

- Percebo porquê!

- Claro, tás-me a fazer sentir-me mal, como se isto que se passou, e que foi maravilhoso, afinal não passasse de um encontro superficial. Achas que sou mau amante é? Tiveste outros que te fizessem sentir melhor? É isso??

- Nada disso! Poderia ser virgem e tu o meu único homem. Não é isso. Não é por isso que te sentes só. Sentes-te só porque olhas para o meu vestido, para as minhas vestes, para os meus cheiros e desejos, para os meus movimentos e prazeres, olhas para tudo isso. Mas isso está de passagem, isso não sou eu. E como olhas apenas para os reflexos, para os espelhos, as imagens, as fotografias momentâneas que eu escolho ou por acaso represento neste ou naquele momento, ficas condenado a estar sozinho. Nunca me sentes. Sentes apenas os reflexos. Vais longe, vais fundo, mas nunca me tocas realmente... Nunca, nunca me conheces, nem próximo.

- E como posso fazer isso. Num orgasmo maior?

- Primeiro tens de ver como eu sou. ... OLHA!! (fica parada a olhar para ele)

- Tá tudo igual! (tás a gozar comigo?)

- Vou dançar para veres! (dança)

- Hummm... (vê-a dançar)... ainda acho que há bocado era melhor!! ^_^

- Agora repara (põe-se a fazer posições estranhas, como um urso, a uivar como um coiote, tudo...)

- (ri-se) eheh, que raio, o que é que me estás a tentar mostrar??

- Repara bem! Eu posso ser tudo. O teu pior inimigo, a tua mais quente amante, o teu amigo fiel, o vendedor traidor.

- ...

- São capas que visto para te impressionar, para me impressionar, para brincar, para ver se posso, se passa, se consigo montar o engodo!

- Então quem és afinal?

- Sou inodor, incolor, sem sabor...

- hummm...

- Sou Liberdade pura, sou como tu, sou TU!!!

- ahhh! (és maluka!! é isso ^_^)

- Por isso não estás só, nem eu estou só. Porque não temos peculiaridades que nos definam. Somos indefinidos absolutos. Potencialidade inexprimível, invisível do exterior, incomensurável, que nenhuma consciência pode tocar mas apenas espelhar em bokadinhos infinitesimais...

- ãh ãh (assente enquanto pensa: chaladinha de todo esta ^_^)

- Então?

- ... ?

- Queres fazer amor outra vez?

- SIM!!!! SIM!! SIM!!!! ^_^

- Mas desta vez fico eu por cima, vou-te mostrar umas coisas!! ^_^

- Já começaste!! (E eu vou mostrar-te quem sou!!) ^_^

O homem religioso

- então? Queres seguir a vontade de Deus ou a tua própria vontade?

- Qual a diferença?

- ...?! aaahhh!! (julga-se o Altíssimo!) Insensato, arrogante, herege! (apontando ->) Satanás!!!

- Se sou produto de Deus, a minha vontade só pode ser a dEle.

- ah! (Servo!) Humilde, sensato, sábio... muito bem meu filho...

- Obrigado meu irmão

- Então fazes o que eu te disser? olha que é a * v o n t a d e * de Deuuuuusssss......

- Não gosto de brincar a isso, prefiro ver as flores.

- Parvo! (vá lá, que isto sozinho não tem piada!)

- Mas é uma brincadeira gira, talvez noutro dia (fazemos à vez de profeta, e eu já pensei numa coisa gira para fazeres ^_^ - se gostas de Deus não podes fazer o que mais gostas, ou tens de fazer ou vestir coisas ridículas, eheheh ^_^)! Olha lá akela flor, já lhe viste a cor? : )

- é gira, mas depois brincamos a isto!!!

- tá bem! :)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O fim dos apegos - Velha roupa colorida

Para começar o dia! Note-se que, para além das referências ao Raven do Edgar Allen Poe, existem também referências ao Assum preto, de Luíz Gonzaga. A ideia do Raven é que nada se repete, a canção do Assum preto é das mais tristes que se pode imaginar, mas, ainda assim, essa tristeza está ligada, como no Raven, ao apego ao passado. Quando nos libertamos de todo o apego só pode haver felicidade, alegria infinita, voando por todos os lados, inunda-nos Êxtase Pleno...



E daí a Liberdade da velha roupa colorida


Elis -

http://www.youtube.com/watch?v=T94xc5wxANM


Velha roupa colorida

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Composição: Belchior. Interpretação: Elis Regina.


Você não sente não vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

O que há algum tempo era novo, jovem

Hoje é antigo

E precisamos todos rejuvenescer (bis)

Nunca mais teu pai falou: "She's leaving home"

E meteu o pé na estrada like a Rolling Stone...

Nunca mais você buscou sua menina

Para correr no seu carro, loucura, chiclete e som

Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido

O dedo em V, cabelo ao vento

Amor e flor, que é do cartaz?

No presente a mente, o corpo é diferente

E o passado é uma roupa que não nos serve mais (bis)

Você não sente não vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

O que há algum tempo era novo, jovem

Hoje é antigo

E precisamos todos rejuvenescer (bis)

Como Poe, poeta louco americano,

Eu pergunto ao passarinho: "Blackbird, o que se faz?"

Raven never raven never raven

Blackbird me responde

Tudo já ficou atras

Raven never raven never raven

Assum-preto me responde

O passado nunca mais

Você não sente não vê

Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo

Que uma nova mudança em breve vai acontecer

O que há algum tempo era novo, jovem

Hoje é antigo

E precisamos todos rejuvenescer (bis)

E precisamos rejuvenescer

quarta-feira, 11 de julho de 2007

A Liberdade é a única maneira de percorrer qualquer caminho...

A Liberdade é a única maneira de percorrer qualquer caminho...


...de outro modo apenas aparentamos existir.

Eu, por exemplo, apenas aparento existir!

A minha aparição não sou eu.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Quando se faz o que se gosta

Cada dia é um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente...

Ah! Que BOM é receber presentes logo pela manhã!! ^_^

p.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Homem Pássaro

(Este texto foi inspirado por um dos símbolos do Kung Fu To'a, o símbolo do Homem Pássaro. A explicação que aqui dou teve um grande efeito sobre mim e foi a resposta sintética a muitas inquietudes referentes ao significado dos termos "espiritualidade", "iluminado", ao papel que os mestres podem e não podem ter, e sobretudo aos conteúdos das mensagens espirituais veiculadas nos quatro cantos do mundo, desde o Osho, Cristo, Buda, Stanley Kubrick, Elis Regina ou Michael Ende, entre incontáveis outros. É um texto síntese de grande importância para mim e foi, ao longo da minha vida, um dos que teve parto mais doloroso, complexo e demorado. Uma cópia deste texto encontra-se no site do Kung Fu To'a, aqui.)


Liberdade, eis, numa palavra, tudo o que este símbolo quer dizer. Mas é uma palavra enorme, Gigantesca, que abarca consigo todos os sonhos e desejos já sonhados. Pois para que serviria a Vida senão para provar essa Maravilhosa essência, Misteriosa, ao ponto de ser negada a sua Realidade, inconcebível por definição pela razão (pois não tem outra causa senão ela própria, nem tão pouco é casual), presente na Vida, na Consciência, como o metal na espada, a Liberdade está presente em todos nós, apesar de que, quase nunca, totalmente realizada em todas as suas potencialidades. De facto, quando falamos em Liberdade, queremos normalmente dizer ausência de obstáculos, tanto a nível material como espiritual. Mas a Liberdade exige ainda uma vontade, algo que se queira manifestar e sem o qual os obstáculos deixariam de ser obstáculos. Ora, na esmagadora maioria dos seres vivos, conscientes, esta vontade ela própria é bastante condicionada, mais precisamente, ela não é apenas contextualizada, relativa a um contexto, interpretável numa linguagem dada pelo momento: a própria vontade é o resultado inconsciente de um percurso, de medos, fantasias, ilusões, projecções, que nos remetem, empurram, para um percurso, que nos dão um ideal, tal como raquetes empurrando uma bola de ténis num jogo. A bola vai, deslumbrada, em direcção ao que pensa ser o Paraíso (carros, pessoas, dinheiro, poder, fama, conhecimentos, "espiritualidade", contactos, etc), e, quando lá chega, a superficialidade do que encontra, rebate-a contra o adversário, mostra-lhe que encontrou, de facto, o reverso de si, a ausência. Pois tudo o que desejamos de forma inconsciente é, no fundo, apenas o desejo ignoto e mais profundo do quebrar dessa ilusão. De ilusão (voo) em ilusão, de desilusão (embate) em desilusão, vamos caminhando, como numa espiral, em direcção a algo, que em parte somos nós próprios, e sempre fomos, e em parte é a aniquilação do eu, aniquilação em sentido bastante impróprio, já que esse "eu" nunca existiu, e não se pode destruir verdadeiramente uma ilusão, apenas esclarecê-la. A Liberdade interior, profunda, verdadeira, pressupõe portanto o fim do jugo de uma vontade inconsciente. Ou seja, não pode ser o medo nem a ilusão a canalizarem, a conduzirem, as múltiplas energias e intuições que guiam o nosso corpo, em direcção a um destino que é apenas o da destruição das máscaras. O Homem Pássaro pressupõe a destruição das máscaras, para que a vontade vogue e vibre livremente, para que não haja, em sentido impróprio, vontade, e haja apenas a Vontade, que, como no acto do Artista que cria a sua Obra-Prima, não é de facto a Vontade daquele Corpo, mas a Vontade de todo o Cosmos adequada àquele momento. O Homem Pássaro, num certo sentido, é o homem que deixou de existir, só nEle existe o Voo, o Viajar, a plena acção, o pleno acto. A vibração da sua Liberdade não é condicionada pelos seus medos, não é puxada pelos seus anseios, não é deformada pelas suas expectativas. Desiludido com tudo, o Homem Pássaro não tem já o que quer que seja a perder. Perdeu tudo, ou melhor, percebeu que tinha perdido tudo desde o início, melhor ainda, que nada tinha perdido, pois nada na verdade tinha possuído. O Homem Pássaro não tem posses, e por isso nada o possui. Está no mundo mas não pertence ao Mundo, viaja nele como nada que pertença ao Cosmos, como nada que o toque... O Homem Pássaro não precisa de ter liberdade exterior, ou qualquer manifestação de riqueza, todo o seu Esplendor está naquilo que o rodeia, e é ainda mais, muito mais, pois é aquele ou aquilo que é o sustento do Existir. O que vejo no símbolo pictórico: há uma cabeça, de onde nasce como de uma fonte de início misterioso, a vibração da vontade livre, essa cabeça é simbolizada pelo sol, onde, pela fissão nuclear, a matéria é destruída para dar lugar à Energia pura (aquela que voga sempre sem se agarrar à gravidade das coisas pesadas, à velocidade da luz, para lá do tempo). O corpo do homem pássaro é da cor do sangue e da paixão, articula diversos aspectos, mas sempre numa perspectiva de evolução, com sabor e consciência. Um dos pés do homem pássaro é da cor da luz, do sol. Pois a realidade, sendo também o corpo de Deus, é um manto e o corpo do divino, pleno de sagrado em todos os seus recantos, é a consciência do Homem Pássaro do Sagrado que há no mundo. Por outro lado, há também uma bola branca, que sustenta o homem pássaro, pois na luz do mundo, existe também o crescimento, e para quem cresce, existe o bem e o mal, o sagrado e o profano, o caminho que por todo o lado divide a realidade em múltiplas partes e diversas significações, do monstruoso ao divino. O branco significa assim o lidar com essa realidade tendo em vista a evolução. Mas a essência do homem pássaro não pode ser posta em nenhum símbolo, em nenhuma palavra, pode apenas ser vivida e demonstrada, o melhor que for possível, na pele, na autenticidade, na vivência / convívio, com outras almas. O Homem Pássaro é, é aquele que vê e reconhece Aquilo que não precisa de mais nada para além de si próprio para Existir; e sabe-se parte disso.

sábado, 16 de junho de 2007

Veneração (prenúncio do Homem Pássaro)

[Este texto foi escrito a propósito de uma intervenção na Lista do Kung Fu To'a da que considero minha Irmã em Espírito, Luíza Dunas]


minha Querida,

eu venero a Veneração,

não venero é o Seguidismo, a inconsciência

É claro que, veneraria a Veneração dos que veneram o seguidismo, mas só por saber que a veneração dos que veneram é sempre veneração da veneração de quem Venera, e nada mais, e assim sucessivamente até ao infinito, como num jogo de espelhos reflectindo uma Luz primordial Companheira... mas que vemos por vezes como se estivesse ao longe, imersos num qualquer refúgio!

Não, não venero o medo-refúgio-ilusão, é venerável sim a Luz sem sombras, Companheira!

Deste que te venera a Veneração

Companheiro e Irmão

^_^

p.