sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O Amante nu elogiando a máscara

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Quando amamos o amor em alguém, para lá de todas as ilusões, podemos ter a tendência de lhe retirar a máscara para lhe dizermos melhor como e o quanto amamos. Afinal, se os amantes se despem para mostrar o seu amor, não será porque o amor é cego e, se for atirado à máscara, não consegue chegar do coração ao coração?

Por isso os amantes brincam tanto, jocosamente desaparecem as faces do chefe, do forte, da senhora cheia de certezas, e o medo amedrontado da menina tímida dá lugar à aceitação, ao abraço. Pelo riso se vão despindo as máscaras, até ficares só tu e eu, nus, nada entre nós senão o olhar...

E então é a vez do Riso puro encher os espaços e darmos lugar ao desejo louco, ao beijo que se abre num sorriso, à boca que se abre num olhar. Corpos entrelaçados, palpitando numa mesma vontade, sem separações, só o abraço, um único corpo que se beija, um único entrelaçado, dois olhares fundidos num carinho...

Mas nem sempre podemos tirar as máscaras... por vezes aquele a quem quereríamos agraciar, revelando-lhe a nudez da nossa presença, agarra-se à máscara como se fosse a própria vida. Nesse caso, para que sinta o amor que somos temos de elogiar-lhe a máscara... embora, por vezes, a expressão desse amor seja separá-la um pouco mais da pele...

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