sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Vasco Gato

Enviaram-me este poema de Vasco Gato, intitulado

Primavera Primeira

estremeço desde o princípio do meu rosto
desde o momento em que sorri e me sorriram
e é nesse lugar ínfimo que suspendo todas as palavras
que fecho os olhos e sinto a frescura de todas as águas
o oceano que cessa e atende o esvoaçar da primavera

é a primavera de todos os outonos
é aqui que em silêncio se bordam os calendários
dias entre dias e sobre dias e as memórias que escapam
e não mais se alcançam se não nos tornamos menores
- no futuro não há esquecimento nem segredos
cada coração guarda apenas o que for mais comum
[Vasco Gato, Um mover de mão, col. peninsulares/literatura/63, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000, p. 42].

Este e outro poema de Vasco Gato (seus olhos choram) podem encontrar-se aqui: http://letracorrida.blogspot.com/

A Wikipedia tem o índice das obras, e aqui lê-se um breve esquisso biográfico; outros poemas disponíveis na net: