quarta-feira, 20 de abril de 2011

A sede do reconhecimento (eu) e a aventura de viver (tudo)

Casacos, blusões e botas. Estamos preparados, para ser, para enganar, com a imagem esconder e até esquecer, o quê? Já esqueci!

Na luta da música, são sorrisos vendidos, trocados, abraços dados sem se saber quem os dá, no baile de máscaras podemos ser aquela imagem que queremos ser.

Cool, muito cool!!

Os meus óculos, as minhas botas de marca, as minhas calças de marca. Sempre a frase apropriada, sempre com estilo, sempre a saber o que dizer.

Ei, sou eu, estou aqui.

RECONHECE-ME!!

RECONHECE-ME!!

LOVE ME, LOVE ME!!

ACCEPT ME, ACCEPT ME!!

We scream and dance and shine...

Barafustamos para ter o que alcançamos - somos reconhecidos como a imagem que desenhámos na parede, com cores vivas e garridas...

Mas, apesar dos abraços e dos sorrisos, falta algo...

Onde é que estamos, onde é que estamos, onde é que estou...?

Perdido, na imensidão, redescubro-me nas ondas de um mar sem fim...

Erguendo-me às altas montanhas, procurando respostas nas árvores e nos rios... nada encontro. Não estou em lado nenhum, vejo-me refletido em toda a parte.

Sou um mistério, incógnito, até para mim próprio. E o mundo é também um mistério que desconheço.

Os outros são mistérios também.

Estou sozinho e, parece-me, estamos todos sozinhos. Mas há quem se perca na máscara. Há quem se esqueça que há algo mais profundo que superfície do fato e dos óculos.

Esses vivem a vida de fantoches, guiados por mãos ancestrais e impessoais, da tradição, dos genes, da peer pressure... são bonecos comandos à distância... agem mas não sabem porque agem, porque desejam, porque temem, porque creem, porque odeiam, porque procuram, porque querem, porque prosseguem...

Vivem a vida como um sonho do qual ainda não despertaram...

E eu, eu também não despertei, sei apenas que tenho os olhos fechados.

Sei apenas que nada sei,

Sei que quero saber.

E procuro, debaixo das pedras, por entre os rios, em cima das montanhas e por baixo dos mares, para lá do sol, nas minúcias dos átomos, na beleza das nuvens, no prazer do sexo, nos mistérios do amor e da vida, procuro... mais do que a mim, mais do que o sonho, mais do que a Beleza. Procuro a Realidade,

e, não a encontrando, vou viajando...

Viajando na Realidade, um horizonte sempre novo, muitas aventuras constantes, e, por vezes, amigos que partilham connosco a viagem, as tempestades e os oásis.

Não estou triste por estar vivo. Afinal, só se vive uma vez e o facto de cada momento ser único, irrepetível, é o que dá a esta confusão letal (porque a vida é letal em cada momento que aniquila o anterior) a riqueza de encontrar o todo, implícito, em cada parte.

Adivinha-se por trás das sombras e das linhas, aspectos de algo que nunca se mostra.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Só se vive uma vez

Só se vive uma vez.

Nenhum momento volta atrás para refazer o que se fez.

E o caminho leva inexoravelmente à morte...

Durante os próximos mil milhões de anos vou estar muito tempo morto.

Como aquele que está prestes a morrer, mas ainda tem sentidos e alguma razão ao seu dispor, aproveito as últimas imagens deste universo imenso.

Depois virão outros olhos e outras mãos, outras aventuras tão ensimesmadas em si mesmas que me lembrarão tanto a mim como eu lembro os que vieram antes de mim... e os milhões de anos irão passando. Os continentes, gigantes, farão e dissolverão novas Pangeias.

Mas, por enquanto, aqui e agora, é a minha vez, a vez desta formiguinha dançar e pular ouvir a música num mundo imenso.