sexta-feira, 30 de maio de 2014

Esclarecido?

É interessante pensar no tipo de pessoa que cada um de nós considera como pessoas esclarecidas:
Para uns serão os padres, para outros os cientistas, para outros os cépticos, para outros os artistas, para outros os ídolos do futebol, as top-models, ricos, ideólogos, etc. (Em geral é o que dá mais.)

No fundo ao considerarmos alguém como esclarecido  estamos também a afirmar o que achamos sobre o mundo e o que vale a pena fazer nele ou obter dele. Aqui vai o que eu acho sobre o que seria uma pessoa esclarecida:

Uma pessoa esclarecida sabe que nada se sabe do que é realmente importante: porque estamos aqui, de onde viemos, para onde vamos, o que devemos fazer...
no entanto está sempre disponível para aprender e abandonar ideias erradas, por mais apelativas que sejam.

Uma pessoa esclarecida sabe que o dinheiro é uma mera convenção social, uma ilusão para distribuir o trabalho pela sociedade...
no entanto age como se o dinheiro fosse real e é absolutamente honesto e exacto em todas as suas transacções.

Uma pessoa esclarecida sabe que a propriedade é uma mera ilusão,
no entanto respeita totalmente a propriedade alheia e pode estar até disposto a defender a que é considerada sua.

Uma pessoa esclarecida sabe que o amor é livre e infinito e não pode ser controlado,
no entanto ouve com respeito supremo quem diz "amo-te só a ti", porque em parte é verdade, embora o ti seja sempre imaginado, e finge não ver o tumulto constante do coração humano.

Uma pessoa esclarecida sabe que não sabe definir o belo,
sabe que não sabe definir o amor,
sabe que não sabe definir o azul (o azul enquanto sensação viva)...

Mas uma pessoa esclarecida sabe perfeitamente o que é o belo, o amor e o azul...

Uma pessoas esclarecida compreende as limitações das actuais sociedades humanas e do próprio pensamento simbólico, mergulha nelas e tenta melhorar... nem sempre consegue.