sábado, 4 de julho de 2015
Uma relação romântica típica
Cada pessoa é um mundo e tal como nenhuma pessoa pode ser inteiramente descrita num número finito de afirmações (provavelmente nem num número infinito), muito menos uma relação entre duas pessoas. Além de que cada um de nós é único e cada relação também. Mas há traços gerais que me parecem repetir-se em muitas relações e são estes:
1. Prelúdio. Sentir-se só. Nesta fase perguntamos durante quanto tempo iremos ficar "sozinhos", se para sempre, se mais uns anos, se mais uns dias. Quando aparecerá a companhia com quem vamos partilhar os bons e maus momentos? A quem iremos pedir conselhos, com quem iremos rir, celebrar as vitórias e encontrar um ombro amigo para as derrotas. Que saberá muito sobre o nosso passado, a quem poderemos contar o que somos e mostrar-nos como somos, nus, despidos das máscaras...
2. O encontro. Esta é a fase da magia. A nossa solidão dissipa-se passo a passo no encontro com o outro. Enquanto os amigos entram mais na mente, em projetos e ideias comuns, o amor entra direto no mais fundo do coração: naquele sítio inexplicável que às vezes até nos esquecemos que temos. Quando encontramos um grande amor o coração desperta, o mundo veste-se de novo e tudo parece possível outra vez. Temos uma vida nova e parecemos capazes de coisas que antes pareciam impossíveis, a vontade surge mais enérgica e bondosa, somos mais e melhores, mais vivos, tudo reluz com mais intensidade... «Encontrei-te! Finalmente! Já devia ter sido antes!» E todo o mundo explode em milhares de cores, sabores e prazeres. A vida finalmente mostra-se o Paraíso que sempre poderia ter sido se tu, companhia ideal, estivesses comigo. Juntos descobrimos / inventamos o Paraíso.
3. A vida a dois. A magia encontra as limitações. Afinal nem tudo é perfeito: há coisas em que não me compreendes, em que não te compreendo. Momentos de solidão, momentos de incompreensão ou desatenção. Ao princípio são raros, quase invisíveis e facilmente esquecíveis. Mas depois vão-se amontoando. Gerando lentamente um outro retrato do outro.
4. A vida a dois. Tudo corre mal. Cada pequena dor foi-se amontoando, num rendilhado. Agora cada coisinha que corre mal ativa toda essa fileira de pequenas dores e faz com que se transforme numa grande dor. O que por sua vez aumenta a cordilheira de dores e a sua ativação sistemática. É um ciclo vicioso em que cada nova dor aumenta a intensidade e probabilidade de novas dores virem a entrar na memória de dores. Até que, às tantas, a relação é quase só dores por toda a parte. Dores intensificadas por tudo aquilo que dei à relação e sacrifiquei por ti e agora tu não fazes, dás, és, o que eu esperava...
5. O fim. Só dor. O outro é só dor, só mágoa, só memórias de coisas más. A magia deu lugar à mágoa e nada resta para nós senão a separação.
6. Solidão e vontade de um novo amor. O ciclo está pronto a repetir-se.
1. Prelúdio. Sentir-se só. Nesta fase perguntamos durante quanto tempo iremos ficar "sozinhos", se para sempre, se mais uns anos, se mais uns dias. Quando aparecerá a companhia com quem vamos partilhar os bons e maus momentos? A quem iremos pedir conselhos, com quem iremos rir, celebrar as vitórias e encontrar um ombro amigo para as derrotas. Que saberá muito sobre o nosso passado, a quem poderemos contar o que somos e mostrar-nos como somos, nus, despidos das máscaras...
2. O encontro. Esta é a fase da magia. A nossa solidão dissipa-se passo a passo no encontro com o outro. Enquanto os amigos entram mais na mente, em projetos e ideias comuns, o amor entra direto no mais fundo do coração: naquele sítio inexplicável que às vezes até nos esquecemos que temos. Quando encontramos um grande amor o coração desperta, o mundo veste-se de novo e tudo parece possível outra vez. Temos uma vida nova e parecemos capazes de coisas que antes pareciam impossíveis, a vontade surge mais enérgica e bondosa, somos mais e melhores, mais vivos, tudo reluz com mais intensidade... «Encontrei-te! Finalmente! Já devia ter sido antes!» E todo o mundo explode em milhares de cores, sabores e prazeres. A vida finalmente mostra-se o Paraíso que sempre poderia ter sido se tu, companhia ideal, estivesses comigo. Juntos descobrimos / inventamos o Paraíso.
3. A vida a dois. A magia encontra as limitações. Afinal nem tudo é perfeito: há coisas em que não me compreendes, em que não te compreendo. Momentos de solidão, momentos de incompreensão ou desatenção. Ao princípio são raros, quase invisíveis e facilmente esquecíveis. Mas depois vão-se amontoando. Gerando lentamente um outro retrato do outro.
4. A vida a dois. Tudo corre mal. Cada pequena dor foi-se amontoando, num rendilhado. Agora cada coisinha que corre mal ativa toda essa fileira de pequenas dores e faz com que se transforme numa grande dor. O que por sua vez aumenta a cordilheira de dores e a sua ativação sistemática. É um ciclo vicioso em que cada nova dor aumenta a intensidade e probabilidade de novas dores virem a entrar na memória de dores. Até que, às tantas, a relação é quase só dores por toda a parte. Dores intensificadas por tudo aquilo que dei à relação e sacrifiquei por ti e agora tu não fazes, dás, és, o que eu esperava...
5. O fim. Só dor. O outro é só dor, só mágoa, só memórias de coisas más. A magia deu lugar à mágoa e nada resta para nós senão a separação.
6. Solidão e vontade de um novo amor. O ciclo está pronto a repetir-se.
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