sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ricardo Araújo e Judite de Sousa trocando palavras e olhares

Bem, estou muito grato à RTP por colocar online grande parte da sua programação de qualidade. Neste caso a "Grande Entrevista a Ricardo Araújo Pereira" ter-me-ia passado totalmente ao lado. Já foi no dia 14 de Janeiro de 2007, mas continua a estar no site da RTP (secção multimédia). Também se pode vir aqui e fazer uma pesquisa (por exemplo "Ricardo").

Bem, até estava a gostar, uma coisa muito mais "íntima" do que os programas cómicos permitem, mas eis que, já depois de ter cortado uma reflexão sobre os limites da comédia (algum dia saberemos porque razão o Ricardo acha que a comédia deveria ter apenas os limites da liberdade de expressão?), chegamos ao que me parece ser o ponto alto do programa: «o que é o humor?»

Bem o Ricardo começa por descrever três teorias sobre o humor: rimo-nos por sentirmos superioridade; por escape ou por contactarmos com o absurdo. E não é que, estando a descrever com uma clareza notável estas três teorias, é cortado para falar sobre futebol!?!?!?!? É precisamente aqui que ele é cortado:
"provavelmente aquilo que está na origem da comédia é basicamente o mesmo que está na origem da tragédia: é a incongruência que há entre o homem e o universo, ou seja, entre a aquilo que nós achamos que as coisas deviam ser, e aquilo que as coisas são de facto."
Bolas! Isto é a génese e a essência do gato fedorento. A partir do momento em que ouvi isto percebi o que eles fazem: eles mostram-nos "aquilo que as coisas são de facto" contrapondo-as àquilo que nós imaginamos. Daí as cenas dos padres e freiras e congregações, daí a análise dos tiques e convenções sociais, é um expor dos "absurdos" da vida que normalmente nos passam ao lado.

E estes gajos cortam!! Cortaram a conversa aqui, para falar de «como é que você trabalha a personagem do Paulo Bento?»

Ai Deus! A tv, por vezes, parece uma coisa feita para deficientes mentais ou que nos tenta transformar em deficientes mentais. Para quem ganha dinheiro com aquilo era bom, papávamos tudo o que eles quisessem. Quanto menos informados, menos capazes de pensar criticamente, menos conhecermos outros paladares, mais papamos do mesmo... é o que há!

Enfim, apesar de curta e entrecurtada a entrevista foi um espectáculo, gosto imenso da Judite de Sousa e tenho pena que o programa não tenha, por exemplo, três horas, pois há assuntos que, só aflorados, nos deixam apenas com água na boca e nada nutridos.

Aconselho vivamente a entrevista!!

Sem comentários: