domingo, 24 de junho de 2007

À volta disto gera-se um negócio

:)

Era uma vez um coelho, saltitava, pulava, todo contentito, com as suas coelhitas e cenouras...

Pumbas, veio um homem e... Fez um negócio à volta disso...

Depois apareceram uns pássaros, radiantes, bico alegre, asa estendida ao sol, Veio um pintor e pumbas... Fez um negócio disso...

Veio o vento e o mar, vieram as lagoas, as tempestades e as estrelas, Veio a humanidade e pumbas... Fizeram um negócio à volta disso...

Veio o homem, livre como o vento, incognoscível como a água, aberto como o fogo, leve como um Oceano de Luz...

Pumbas... Fizeram um negócio à volta disto...

Com a culpa castraram-no

Confundindo-o com falsos ideais,

Falsas promessas de Glória,

Um mundo pintado de Arco-Íris, lá à frente,

pra conquistar...

O homem livre transformou-se em homem preso,

Um homem numa gaiola de desejos artificiais,

Fechado,

Pumbas, feito num negócio...

(The center is somewhere else... except when we are free) p.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sincronia

Sincronia – Beber da Vida

O que pomos nela

e algo mais...


Quando se faz o que se gosta

Cada dia é um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente, um presente...

Ah! Que BOM é receber presentes logo pela manhã!! ^_^

p.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Notícias: Saramago e as plutocracias / Os 10 mandamentos (versão light)

José Saramago fala sobre a actualidade política mundial:

... Fugindo ao tema literário, Saramago acabou por dedicar grande parte da sua intervenção aos problemas das democracias contemporâneas, que na sua opinião "não passam de plutocracias", e apelou à insubmissão da população, segundo relata a agência espanhola. "O mundo é dirigido por organismos que não são democráticos, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio", acusou.

Mais no Jornal Público

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O Vaticano anunciou os 10 mandamentos da condução ao volante, incluindo fazer o sinal da cruz antes de começar a conduzir e ir rezando o terço, ou mesmo o rosário (dependendo do tamanho da viagem) enquanto se conduz, de preferência em grupo. Segundo o Vaticano, a recitação das ave marias é propícia à condução, dado que o seu carácter repetitivo e “gentil” e portanto não retira a atenção ao condutor. (The Rosary was particularly well-suited to recitation by all in the car since its "rhythm and gentle repetition does not distract the driver's attention.") Para quem acha que isto é tirade do Gato Fedorento, não! Talvez seja uma tentativa de competição com o gato fedorento, mas veio realmente do Vaticano. Jornal Público e BBC News

Espera-se agora que surjam os 10 mandamentos sobre: como se comportar à mesa, como evitar barulhos incómodos na casa de banho e “a arte de fazer amor rezando avé marias”.

Tudo isto num Vaticano perto de si!

p.

PS - Para quem quer confirmar pode ver o documento original do Vaticano, no parágrafo 59 diz assim: não nos devemos “esquecer de fazer o sinal da cruz, a ser feito antes de empreender uma viagem” (Resorting to our Heavenly Intercessors should not make us forget the importance of the sign of the cross, to be made before setting out on a journey).

E no § 60 continua: “Durante a viagem também é benéfico rezar oralmente, especialmente se formos fazendo turnos com os nossos companheiros de viagem ao recitar as preces, como ao recitar o Rosário que, dado o seu ritmo e repetição gentil, não distrai a atenção do condutor.” (During a journey it is also beneficial to pray vocally, especially taking turns with our fellow travellers in reciting the prayers, as when reciting the Rosary[26] which, due to its rhythm and gentle repetition, does not distract the driver’s attention.)

É mesmo verdade, não é os jornais a gozarem com o Vaticano. É o Vaticano a ...

O que eu achei engraçado nisto não foi tanto o que eles dizem, é mais porque eu passei muitas centenas de horas a ler e a pensar sobre a Bíblia e sobre a mensagem de Jesus (já desde há umas décadas que isto da demanda espiritual do pedro fonseca começou) e aquilo que eu compreendi do que li é tão DIFERENTE, mas tão incrivelmente, completamente diferente daquilo que nos querem fazer engolir hoje. A essência desta mensagem está no Sermão da Montanha, e a meu ver o essencial está nisto: "não se preocupem com as coisas desta vida" (Mateus 5:25), porque "O dia de amanhã cuidará de si mesmo." (Mateus 5:34) É este *confiança absoluta* em algo invisível mas também o único presente, que quanto a mim, caracteriza a mensagem de Jesus. Daí não levar os que transigem a tribunal, daí emprestar, ou melhor, dar, todo o dinheiro e coisas que nos pedirem, incluindo a outra face (sorridente até suponho), daí vivermos *confiantes* sem nos preocuparmos com o que os outros pensam de nós (ostentação), ou se vamos ter um tecto e uma cama e roupa hoje ou no dia de amanhã. Nada disto interessa, porque (minha interpretação), quando olhas para o infinito, quanto o teu coração vive no "Reino dos Céus", aí sim estás a salvo, aí sim és feliz. Essa é a razão de ser da tua felicidade, não o "fazer justiça" não nada que seja deste mundo. Apenas colocar o coração no Reino dos Céus, só isso, o resto é deixar fluir. Foi isso que Jesus disse, foi isso que parece ter feito (pelo menos em parte, aquela cena do templo parece mais revolta que outra coisa). Se foi feliz ou não é difícil saber com certeza. Mas que é uma mensagem simples de ser seguida, sem *nada* mas mesmo nada de especial, isso parece-me óbvio. Nem rezas, nem estudos, nem grande preparação (por isso é que dos simples é o Reino dos Céus, porque, coisa mais simples não há em parte nenhuma - não é preciso *fazer* nada!!, basta a paixão imensa pelo único Real) -- aqui e agora podes ser “Jesus”, Olha e Vê, compreende o Infinito em Todas as coisas, compreende que és Filho do Homem e Filho de Deus, e que a tua Liberdade não é deste mundo – mantém a tua integridade e tudo o resto irá ao lugar. Não interessa se morres e matas num acidente de viação: interessa onde tens o coração! (porque é que isto há de soar radical para quem vê o visível como uma parte ínfima do invisível?) Agora, as rezas e as cruzes, símbolos e rituais e não sei que mais, trânsito e castidade e confissões e preservativos e altares e roupas esquisitas e cânticos e santos e procissões e... tantos acessórios que servem para quê, para o pessoal brincar e se entreter???

Bem, cada um é feliz à sua maneira!!

Eu, que sou extremamente infeliz, ando a tentar arranjar um filme do Almodovar para ver se me distraio.

Mas sou tão infeliz, tão infeliz,

Venham os

Tuxedomoon: http://www.youtube.com/watch?v=ePzLD1xvXGc

o Tom Waits: http://www.youtube.com/watch?v=1OLA6AiZlVw

+ Portishead: http://www.youtube.com/watch?v=cuKSOalgqzs

Meus amantes das noites de solidão, almas amarguradas, revoltadas, mas almas, com uma pureza translúcida para lá da Luz, Pura, incorruptível, deslizando pela frieza dos metálicos braços da morte que vêem neste mundo, Oh Solidão!

Olá Infelicidade e Tristeza!!

Abraço-te com ambos os braços

Os meus Olhos beijam-te em jactos de Luz

E juntos,

Felizes ou infelizes

Estamos para Lá... (o que quer que digam... o que interessa??)

O mundo do avesso

é ainda o mesmo,

o avesso do avesso,

não interessa

pois não há avesso

apenas graus de consciência

apenas Ser

eh eh ^_^

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Homem Pássaro

(Este texto foi inspirado por um dos símbolos do Kung Fu To'a, o símbolo do Homem Pássaro. A explicação que aqui dou teve um grande efeito sobre mim e foi a resposta sintética a muitas inquietudes referentes ao significado dos termos "espiritualidade", "iluminado", ao papel que os mestres podem e não podem ter, e sobretudo aos conteúdos das mensagens espirituais veiculadas nos quatro cantos do mundo, desde o Osho, Cristo, Buda, Stanley Kubrick, Elis Regina ou Michael Ende, entre incontáveis outros. É um texto síntese de grande importância para mim e foi, ao longo da minha vida, um dos que teve parto mais doloroso, complexo e demorado. Uma cópia deste texto encontra-se no site do Kung Fu To'a, aqui.)


Liberdade, eis, numa palavra, tudo o que este símbolo quer dizer. Mas é uma palavra enorme, Gigantesca, que abarca consigo todos os sonhos e desejos já sonhados. Pois para que serviria a Vida senão para provar essa Maravilhosa essência, Misteriosa, ao ponto de ser negada a sua Realidade, inconcebível por definição pela razão (pois não tem outra causa senão ela própria, nem tão pouco é casual), presente na Vida, na Consciência, como o metal na espada, a Liberdade está presente em todos nós, apesar de que, quase nunca, totalmente realizada em todas as suas potencialidades. De facto, quando falamos em Liberdade, queremos normalmente dizer ausência de obstáculos, tanto a nível material como espiritual. Mas a Liberdade exige ainda uma vontade, algo que se queira manifestar e sem o qual os obstáculos deixariam de ser obstáculos. Ora, na esmagadora maioria dos seres vivos, conscientes, esta vontade ela própria é bastante condicionada, mais precisamente, ela não é apenas contextualizada, relativa a um contexto, interpretável numa linguagem dada pelo momento: a própria vontade é o resultado inconsciente de um percurso, de medos, fantasias, ilusões, projecções, que nos remetem, empurram, para um percurso, que nos dão um ideal, tal como raquetes empurrando uma bola de ténis num jogo. A bola vai, deslumbrada, em direcção ao que pensa ser o Paraíso (carros, pessoas, dinheiro, poder, fama, conhecimentos, "espiritualidade", contactos, etc), e, quando lá chega, a superficialidade do que encontra, rebate-a contra o adversário, mostra-lhe que encontrou, de facto, o reverso de si, a ausência. Pois tudo o que desejamos de forma inconsciente é, no fundo, apenas o desejo ignoto e mais profundo do quebrar dessa ilusão. De ilusão (voo) em ilusão, de desilusão (embate) em desilusão, vamos caminhando, como numa espiral, em direcção a algo, que em parte somos nós próprios, e sempre fomos, e em parte é a aniquilação do eu, aniquilação em sentido bastante impróprio, já que esse "eu" nunca existiu, e não se pode destruir verdadeiramente uma ilusão, apenas esclarecê-la. A Liberdade interior, profunda, verdadeira, pressupõe portanto o fim do jugo de uma vontade inconsciente. Ou seja, não pode ser o medo nem a ilusão a canalizarem, a conduzirem, as múltiplas energias e intuições que guiam o nosso corpo, em direcção a um destino que é apenas o da destruição das máscaras. O Homem Pássaro pressupõe a destruição das máscaras, para que a vontade vogue e vibre livremente, para que não haja, em sentido impróprio, vontade, e haja apenas a Vontade, que, como no acto do Artista que cria a sua Obra-Prima, não é de facto a Vontade daquele Corpo, mas a Vontade de todo o Cosmos adequada àquele momento. O Homem Pássaro, num certo sentido, é o homem que deixou de existir, só nEle existe o Voo, o Viajar, a plena acção, o pleno acto. A vibração da sua Liberdade não é condicionada pelos seus medos, não é puxada pelos seus anseios, não é deformada pelas suas expectativas. Desiludido com tudo, o Homem Pássaro não tem já o que quer que seja a perder. Perdeu tudo, ou melhor, percebeu que tinha perdido tudo desde o início, melhor ainda, que nada tinha perdido, pois nada na verdade tinha possuído. O Homem Pássaro não tem posses, e por isso nada o possui. Está no mundo mas não pertence ao Mundo, viaja nele como nada que pertença ao Cosmos, como nada que o toque... O Homem Pássaro não precisa de ter liberdade exterior, ou qualquer manifestação de riqueza, todo o seu Esplendor está naquilo que o rodeia, e é ainda mais, muito mais, pois é aquele ou aquilo que é o sustento do Existir. O que vejo no símbolo pictórico: há uma cabeça, de onde nasce como de uma fonte de início misterioso, a vibração da vontade livre, essa cabeça é simbolizada pelo sol, onde, pela fissão nuclear, a matéria é destruída para dar lugar à Energia pura (aquela que voga sempre sem se agarrar à gravidade das coisas pesadas, à velocidade da luz, para lá do tempo). O corpo do homem pássaro é da cor do sangue e da paixão, articula diversos aspectos, mas sempre numa perspectiva de evolução, com sabor e consciência. Um dos pés do homem pássaro é da cor da luz, do sol. Pois a realidade, sendo também o corpo de Deus, é um manto e o corpo do divino, pleno de sagrado em todos os seus recantos, é a consciência do Homem Pássaro do Sagrado que há no mundo. Por outro lado, há também uma bola branca, que sustenta o homem pássaro, pois na luz do mundo, existe também o crescimento, e para quem cresce, existe o bem e o mal, o sagrado e o profano, o caminho que por todo o lado divide a realidade em múltiplas partes e diversas significações, do monstruoso ao divino. O branco significa assim o lidar com essa realidade tendo em vista a evolução. Mas a essência do homem pássaro não pode ser posta em nenhum símbolo, em nenhuma palavra, pode apenas ser vivida e demonstrada, o melhor que for possível, na pele, na autenticidade, na vivência / convívio, com outras almas. O Homem Pássaro é, é aquele que vê e reconhece Aquilo que não precisa de mais nada para além de si próprio para Existir; e sabe-se parte disso.

sábado, 16 de junho de 2007

Veneração (prenúncio do Homem Pássaro)

[Este texto foi escrito a propósito de uma intervenção na Lista do Kung Fu To'a da que considero minha Irmã em Espírito, Luíza Dunas]


minha Querida,

eu venero a Veneração,

não venero é o Seguidismo, a inconsciência

É claro que, veneraria a Veneração dos que veneram o seguidismo, mas só por saber que a veneração dos que veneram é sempre veneração da veneração de quem Venera, e nada mais, e assim sucessivamente até ao infinito, como num jogo de espelhos reflectindo uma Luz primordial Companheira... mas que vemos por vezes como se estivesse ao longe, imersos num qualquer refúgio!

Não, não venero o medo-refúgio-ilusão, é venerável sim a Luz sem sombras, Companheira!

Deste que te venera a Veneração

Companheiro e Irmão

^_^

p.