segunda-feira, 9 de setembro de 2013
As pessoas
Uma pedra é o que é, e, para além do que é, podemos, com os olhos da mente, imaginar o que foi, como chegou ali, o que poderia ter sido, o papel que tem no mundo e o mundo de significados que poderia ter para nós.
Mas uma pessoa, para além de tudo isto, que advém da sua existência enquanto ser físico, também fala e nos diz coisas em que é suposto acreditarmos. Mas há vários problemas em usar a linguagem para ver como uma pessoa é. Por um lado a linguagem é sempre parcial, ela apenas sugere, não dá o objeto, emoção, sensação, que pretende evocar. Quando alguém diz "gosto de ti" tenta evocar em nós um sentimento muito peculiar, que é diferente do gosto dele ou dela, ou gosto de carapau. Porque cada maneira de gostar é única e varia não só segundo o objeto mas também segundo o tempo. Gosto de ti hoje como gostava de ti há dez anos, sim, mas não exatamente da mesma maneira: eu mudei, tu mudaste, tudo mudou à nossa volta. O mundo já não é o mesmo, ou pelo menos já não o vejo da mesma maneira.
O que queres dizer então quando dizes "gosto de ti"?
É preciso saber decifrar, nem sei se o Sherlock Holmes conseguiria tal proeza. É preciso conhecer-te, lentamente, pela história, e em pormenor. Saber o que dizem cada um dos teus gestos, não só em relação a mim mas ao mundo inteiro. Conhecer a tua beleza única e irrepetível, e também o modo como te relacionas com o mundo, com a existência, contigo própria, com os teus medos e desejos. E então, talvez, possa então ter um vislumbre do que queres dizer quando dizes "gosto de ti".
Sei que me tentas ajudar e me dizes muitas outras coisas para me ajudares a tentar compreender. Dizes por exemplo: "gosto muito de ti" ou "o meu amor por ti é profundo como o mar e gigante como o universo" ou "e não há mais ninguém de que eu goste tanto como gosto de ti".
Infelizmente, todas essas palavras, que podem ajudar num certo sentido, a precisar o que significa esse "gosto de ti", também confundem, afogam, matam uma certa clarividência. Porque também há, provavelmente, todo um lado das coisas que não gostas em mim, ou que gostas menos em mim, das coisas que não jogam, que não encaixam, que gostarias de mudar, que te desapontam. E essas, seja por pena, por medo, por respeito ou por amor, não as dizes, guarda-las para ti.
Então o que fica é uma imagem muito distorcida dada por todas essas palavras, cuidadosamente filtradas para só deixar ficar as verdadeiramente positivas e "lindas" mas onde nem tudo o que é verdade fica.
E, sabes, o que é mais curioso, é que eu também gosto muiiiiito de ti. Tanto que nenhuma palavra do mundo o poderia dizer.
Mas uma pessoa, para além de tudo isto, que advém da sua existência enquanto ser físico, também fala e nos diz coisas em que é suposto acreditarmos. Mas há vários problemas em usar a linguagem para ver como uma pessoa é. Por um lado a linguagem é sempre parcial, ela apenas sugere, não dá o objeto, emoção, sensação, que pretende evocar. Quando alguém diz "gosto de ti" tenta evocar em nós um sentimento muito peculiar, que é diferente do gosto dele ou dela, ou gosto de carapau. Porque cada maneira de gostar é única e varia não só segundo o objeto mas também segundo o tempo. Gosto de ti hoje como gostava de ti há dez anos, sim, mas não exatamente da mesma maneira: eu mudei, tu mudaste, tudo mudou à nossa volta. O mundo já não é o mesmo, ou pelo menos já não o vejo da mesma maneira.
O que queres dizer então quando dizes "gosto de ti"?
É preciso saber decifrar, nem sei se o Sherlock Holmes conseguiria tal proeza. É preciso conhecer-te, lentamente, pela história, e em pormenor. Saber o que dizem cada um dos teus gestos, não só em relação a mim mas ao mundo inteiro. Conhecer a tua beleza única e irrepetível, e também o modo como te relacionas com o mundo, com a existência, contigo própria, com os teus medos e desejos. E então, talvez, possa então ter um vislumbre do que queres dizer quando dizes "gosto de ti".
Sei que me tentas ajudar e me dizes muitas outras coisas para me ajudares a tentar compreender. Dizes por exemplo: "gosto muito de ti" ou "o meu amor por ti é profundo como o mar e gigante como o universo" ou "e não há mais ninguém de que eu goste tanto como gosto de ti".
Infelizmente, todas essas palavras, que podem ajudar num certo sentido, a precisar o que significa esse "gosto de ti", também confundem, afogam, matam uma certa clarividência. Porque também há, provavelmente, todo um lado das coisas que não gostas em mim, ou que gostas menos em mim, das coisas que não jogam, que não encaixam, que gostarias de mudar, que te desapontam. E essas, seja por pena, por medo, por respeito ou por amor, não as dizes, guarda-las para ti.
Então o que fica é uma imagem muito distorcida dada por todas essas palavras, cuidadosamente filtradas para só deixar ficar as verdadeiramente positivas e "lindas" mas onde nem tudo o que é verdade fica.
E, sabes, o que é mais curioso, é que eu também gosto muiiiiito de ti. Tanto que nenhuma palavra do mundo o poderia dizer.
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